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Violência Doméstica no Brasil: impactos, prevenção e responsabilidades coletivas

Ilustração digital em estilo flat mostrando uma mulher de cabelos pretos, com expressão triste e olhando para baixo. Ao fundo preto, há uma mão apontando diretamente para ela, simbolizando acusação, julgamento ou opressão.

 

A violência doméstica no Brasil é um problema estrutural, enraizado em padrões culturais, desigualdade de gênero e falhas no sistema de proteção às vítimas. Mais do que um ato isolado, trata-se de um fenômeno que provoca danos físicos, emocionais e sociais profundos, não apenas para quem sofre a agressão, mas também para pessoas próximas e para a sociedade como um todo.

Impactos diretos na vítima

As consequências para quem sofre violência doméstica vão muito além das lesões físicas. A vítima pode desenvolver depressão, ansiedade, síndrome do pânico e transtorno de estresse pós-traumático, além de enfrentar isolamento social e dificuldades econômicas. Em muitos casos, o medo e a dependência — seja afetiva ou financeira — impedem a denúncia, perpetuando o ciclo de agressões.

A violência sexual dentro de casa é outro aspecto alarmante: milhares de mulheres e crianças sofrem abusos que deixam marcas emocionais permanentes e prejudicam seu desenvolvimento e autonomia.

Impactos nas pessoas ao redor e na sociedade

O impacto não se restringe à vítima. Filhos que presenciam agressões, especialmente na primeira infância, apresentam maior risco de desenvolver problemas emocionais, baixa autoestima e dificuldade de estabelecer relações saudáveis na vida adulta.

O entorno familiar, vizinhos e até o ambiente de trabalho também sofrem reflexos: queda no rendimento profissional, afastamentos, custos para o sistema de saúde e aumento da demanda por assistência social. A violência doméstica, portanto, é também um problema econômico e de saúde pública.

Formas de prevenção e enfrentamento

O combate à violência doméstica exige ação integrada de sociedade e Estado.
No âmbito social, é fundamental promover campanhas de conscientização, incentivar denúncias e desenvolver projetos educativos que desconstruam estereótipos machistas. A inclusão da temática de igualdade de gênero nas escolas, de forma contínua, pode quebrar o ciclo de violência nas futuras gerações.

No campo das políticas públicas, instrumentos como a Lei Maria da Penha e a ampliação da rede de atendimento às mulheres devem ser fortalecidos. Isso inclui delegacias especializadas (DEAMs), Casas da Mulher Brasileira, linhas de denúncia como o Ligue 180 e serviços de acolhimento para vítimas e filhos. Investir em treinamento das forças policiais e no acompanhamento psicológico e jurídico é essencial para garantir que a proteção seja efetiva e rápida.

A violência doméstica não é apenas uma questão privada: é um desafio coletivo. Exige que a sociedade rompa com a cultura de silêncio e que o Estado implemente políticas eficazes, priorizando a prevenção e a proteção das vítimas. Para o ENEM, refletir sobre o tema é também propor soluções que integrem educação, cultura e justiça, garantindo que o lar seja, de fato, um espaço de segurança e dignidade.

 

Pesquisas e dados relevantes

  • Em 2024, o Brasil registrou 1.492 feminicídios, o maior número desde 2015; 80% foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros e 64% ocorreram dentro de casa.

  • Foram registrados 87.545 casos de estupro, sendo 76,8% das vítimas crianças de até 14 anos; quase 68% dos crimes aconteceram no próprio lar.

  • Em 2023, houve 1.238.208 registros de violência contra mulheres, incluindo ameaças, estupros e tentativas de feminicídio.

  • As ocorrências de violência doméstica em 2023 somaram 258.941 casos, aumento de 9,8% em relação a 2022.

  • Quase 70% dos agressores são companheiros ou ex-companheiros, e em 57% dos casos a agressão ocorreu dentro da residência da vítima.

  • O Ligue 180, canal gratuito de denúncias, teve aumento de 23% no número de atendimentos em 2023.

  • Atualmente existem 10 unidades da Casa da Mulher Brasileira no país, oferecendo atendimento jurídico, psicológico e social integrado.

 

elielmarafigo@gmail.com

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